terça-feira, 25 de abril de 2017

Baleia azul: causa ou consequência?





           Depois da tensão entre os pais na semana passada devido às notícias sobre o jogo Baleia azul, eu não poderia deixar de expressar minhas inquietações e pensamentos.
            Muitos foram os julgamentos aos adolescentes que supostamente participavam ou participam desse jogo, como se o jogo em si fosse a causa do comportamento automutilador e suicida apresentado por eles. Não!! Recuso-me a acreditar que jovens sãos seriam capazes de tirar a própria vida por causa de um jogo. O jogo é apenas uma consequência, um meio desses jovens “expressarem” o que realmente está acontecendo com eles. Depressão é uma doença, não é falta de lavar uma louça ou de arrumar um quarto.
            A depressão entre jovens vem aumentando nos últimos anos e isso é um problema mundial. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), já é a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. Não é à toa que a organização escolheu esse tema, este ano, para trabalhar ações de mobilização para o problema. Temos que aproveitar o momento para pensarmos sobre o que está acontecendo com a nossa sociedade. Ela está doente... Diariamente somos bombardeados por notícias de ódio, intolerância, violência, corrupção, falta de ética, pedofilia, estupro e por aí vai.
            Como já vimos e ouvimos muitas vezes, que mundo estamos deixando para nossos filhos, e, mais importante ainda, que filhos estamos deixando para o nosso mundo?
            Está sobrando acusações, julgamentos e dedos apontados, e faltando empatia, compaixão.
            Está sobrando permissividade, pais obedientes, e faltando autoridade, cuidado, atenção e também “nãos”.
            Está sobrando raiva e agressividade, e faltando carinho e gentileza.
            Está sobrando egoísmo, individualidade, e faltando amor ao próximo e coletividade.
            Está sobrando iPads/tablets, videogames e PCs, e faltando brincadeiras/jogos em família, sentados no chão ou ao redor da mesa.
            Está sobrando vídeos, filmes e Youtuber, e faltando o passeio e o brincar ao ar livre.
            Está sobrando o prazer fácil e imediato, e faltando o esforço e as frustações na infância.
            Está sobrando TVs nos quartos, e faltando refeições em família (sem os eletrônicos a mesa, claro!).
            Está sobrando solidão, e faltando diálogo (principalmente entre pais e filhos).
            Pode até parecer, mas esse texto não é um julgamento da realidade das famílias atuais. Até porque aqui em casa também tem excesso de iPads, videogames, PCs e Youtube. Meu filho, como quase todos os amigos da idade dele, tem preguiça de ir na rua, de andar. Mas também tem uma preocupação constante nos valores que estamos ensinando, na qualidade do tempo que passamos juntos, nos diálogos e risadas que compartilhamos (porque o Ruan adora conversar!).
            Esse post é na verdade uma tentativa de nos chamar para a reflexão sobre aonde estamos errando com nossas crianças e adolescentes. Será que estamos devidamente atentos aos seus sinais? Será que a mudança no comportamento da família contemporânea é a responsável pelo aumento no número de depressão entre os jovens? Ou será apenas mais um fator?
           A depressão juvenil exige a nossa atenção: dos pais, da escola, dos governantes, da sociedade. Temos que cuidar não só dos jogos e de quem os cria, mas, principalmente, dos jogadores – nossos filhos!
          Hoje, 25 de abril, dia do Amor, eu desejo muito amor em nossos lares!!
 

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Cada gravidez, uma gestação!





Se você já ouviu alguma mamãe falar isso, acredite!

Se você teve uma ótima 1ª gestação e por isso quer logo engravidar de novo; ou se, ao contrário, você enfrentou problemas na sua gravidez e está com medo de tentar um outro bebê, saiba que a máxima “Cada gravidez, uma gestação” é verdadeira! Ao menos para mim tem sido...

Após 8 anos (não dá para incluir a última aqui nessa comparação, infelizmente...), uma nova benção! E a única característica comum, além da felicidade, é a ausência de enjoos (graças a Deus!). Porque quase tudo tem sido ao contrário, ao menos até aqui, com 30 semanas (ou 7 meses). No início desta gravidez, eu senti muuuuito sono e cansaço. Tudo bem que agora já passei dos 40 e tenho um filho que, apesar de já ter 8 e ser mais independente, ainda precisa de cuidados. E a minha rotina também já não é a mesma. Hoje, não estou trabalhando fora, “apenas” em casa com meus artesanatos. Mas aí é que parece que o trabalho se multiplica: cuida da casa, da roupa, faz almoço, fica de olho no dever de casa do filho, leva o filho para escola, faz mercado, resolve pendências, busca filho na escola e marido no trabalho, faz janta, conversa com a família, lava louça pela “trigésima” vez, olha agenda da escola, dá atenção para marido e filho, põe filho para dormir (sim! Ele ainda não dorme sozinho...) e... ufa! Tô exausta! E lembrar que eu trabalhei tranquilamente até a semana que o Ruan nasceu...

Outra novidade foi sentir azia. É verdade que, bem antes de engravidar, eu já estava tendo episódios de azia na hora de dormir, mas no início dessa gravidez... meu Deus! A boa notícia é que no 2º trimestre praticamente passou.

E a fome? À tarde, tudo o que eu queria era ficar comendo kkk Pela manhã, não sentia, mas passava a tarde comendo alguma coisa, principalmente fruta. Aliás como muito mais fruta agora do que na primeira vez. Mas não se preocupem, não engordei além da média.

O aumento da sensibilidade (o que quer dizer vontade de chorar à toa) que tanto ouvimos das gravidinhas, só vi desta vez. O 1º trimestre foi uma avalanche de sentimentos e emoções. Mas tirando o excesso de medo de perder novamente minha princesa, o que consegui controlar com o tempo, as preocupações sobre a 2ª gestação realmente são menores. Tudo bem que sou reconhecidamente otimista em tudo e acreditar que algo pode dar errado é a minha última opção, mas de fato você encara as fases de uma gravidez com mais realidade, menos medos e “ses...”, eu acho. A dica é continuar se informando, se empoderando, porque muita informação nova surge ou se destaca em discussões. Mesmo não sendo marinheira de primeira viagem, ainda há muita coisa para se aprender.

Eu li muitas vezes que na 2ª gravidez a barriga cresce mais e mais cedo. E isso, de fato, aconteceu comigo. Minha barriga ficou enooorme e com 6 meses já perguntavam se estava quase nascendo. É verdade que acho lindo uma barriga grande, mas as consequências não tão boas são muitas: o cansaço voltou, já ando devagar, tenho muita dor no bumbum esquerdo e agora principalmente nos quadris (já procurei uma fisioterapeuta pélvica), e já faz tempo que não consigo dormir direito; é difícil achar a posição para a barriga e eu ficarmos confortáveis. Os médicos dizem para dormir do lado esquerdo, mas eu prefiro o lado direito, e assim eu passo a noite virando de um lado para o outro. E eu dormi tão bem até o final da 1ª vez...

Na 1ª experiência, eu inchei os pés bem no início. Até pensei: “Imagina no final?!” Mas não! Com orientação médica e alguns exercícios e massagens antes de dormir, eu fui até o final super bem, sem inchaços. Mas essa alegria não se repetiu... Dessa vez, no 2º trimestre, eu já comecei a inchar e cá já estou fazendo drenagem linfática e procurando beber mais água para ajudar. Mas temos que concordar que Manaus é beeem mais calor que Santa Catarina...

Mas você pode estar se perguntando: ”Poxa, mas será que a 1ª gravidez foi mais tranquila em tudo?” Não! Não em tudo. As pequenas varizes que tenho foram adquiridas na 1ª gestação; dessa vez não apareceram mais. Também tive tendinite nos dois pulsos que não se repetiram. Agora, imaginem o que é ter tendinite pra quem é professora?!! E as tão temidas estrias eu não tive antes e, por enquanto, também não apareceu nenhuma. Mas a diabetes gestacional não me deixou... buáááá Novamente estou eu na dieta.

Sempre ouvi, de quase todas as mães, que no final da gravidez já não aguentam mais, estão loucas para o bebê nascer: ou por ansiedade em ver seu rostinho ou porque já não aguentam mais o peso da barriga, a dor nas costas, o inchaço, o cansaço, a dificuldade em dormir... E eu, na do Ruan, tranquila, querendo que ele ficasse só mais um pouquinho em mim. Mas dessa vez, eu estou compreendendo perfeitamente essas mães, e acho até que farei parte desse clube também rs. Eu conto para vocês quando chegar a hora! ;)

 

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Coração de mãe vive apertado...



Mamães, acreditem quando nossas mães dizem que a dor de ser mãe também é eterna! rs

Com quase 8 anos de “experiência”, a maternidade ainda me surpreende e me mostra o prazer e a dor que essa condição pode causar. E me dá cada vez mais certeza de que será sempre e para sempre assim.

Vou contar para vocês a história...

Ontem, o Ruan demorou muito para dormir (mais do que o normal) de tanto que o seu coraçãozinho estava apertado. Na saída da escola, quando perguntei se foi tudo bem o dia, ele já veio me contando que mais ou menos. Durante a aula de judô, numa atividade em dupla, ele correu para fazer par com seu melhor amigo. O problema é que ele não correu sozinho, e o amigo, para não ter que escolher entre o Ruan e a amiga, propôs uma disputa entre eles; o vencedor seria seu par. Mas o Ruan se negou a disputar pelo amigo e acabou não sendo escolhido. Eles são amigos inseparáveis e o Ruan ficou magoado. Como a maioria das crianças, ele reagiu dizendo que não era mais amigo dele. Resultado: no final da aula o amigo estava chorando muito com a tia por conta da “perda” do amigo. O Ruan, assim que o viu chorando, correu sentido para fazer as pazes. Mas até aqui, situações corriqueiras entre crianças. O que me fez dividir essa história com vocês foi a dor no meu coração em imaginar o que ele sentiu quando se viu preterido pelo amigo. E mais ainda em vê-lo tão sentido e arrependido da atitude que tomou a ponto de não conseguir dormir. Conversamos muito, mas ele dizia que não conseguia esquecer a cena de ver o amigo chorando. Oh, dó...

Sei que não podemos (e nem devemos) ter o controle sobre o mundo dos nossos pequenos. Sei também o quanto é importante para o amadurecimento emocional deles passar por situações semelhantes e de frustações (ainda vou falar sobre isso por aqui). Mas também sei o quanto dói no coração de uma mãe ver seu filho sofrer e nada poder fazer. Ou melhor, QUASE nada, porque abracei ele bem apertado e dei todo carinho e conforto que precisava. E ficamos assim, juntinhos, até ele finalmente adormecer. De uma certa forma, ainda me senti orgulhosa em vê-lo com um coração generoso, com compaixão, arrependido, reconhecendo seus erros e se desculpando por eles. Há quase 8 anos, cada dia mais orgulhosa e apaixonada!!


Tenho certeza que você já passou por situação semelhante. Divide aqui com a gente. Bj no coração!!




 

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Plano de parto: o que é?




Futuras mamães, vocês sabiam que podem documentar suas escolhas sobre as diversas fases do trabalho de parto (TP) e como gostariam que seus bebês fossem cuidados após o nascimento?

É o Plano de parto. Já ouviram falar?

Surgiu nos EUA, há mais ou menos 30 anos, como uma carta onde a gestante relata como prefere passar cada etapa do TP e como ela e o bebê devem ser tratados antes, durante e depois do nascimento.

Mais do que um documento, o Plano de parto permite à mulher conhecer e compreender sobre diferentes assuntos que permeiam o momento do nascimento, como: quais procedimentos médicos ela aceita e quais prefere evitar; onde ela quer ter seu bebê; qual o tipo de parto ela quer; quem ela escolhe estar presente em cada momento do TP e durante o nascimento; quais intervenções ela aceita ou não que façam em seu bebê... Enfim, são muitas variáveis nas quais ela pode ter controle. E o Plano de parto chega como um exercício de reflexão sobre suas escolhas e um ponto de partida para o diálogo com o seu obstetra. Cada gestante tem o direito de participar das decisões que envolvem seu bem-estar e o do seu bebê. O médico tem o dever de explicar os benefícios e prejuízos de cada procedimento ou intervenção médica realizados durante o TP, no parto e após o nascimento. E a partir do histórico do pré-natal, a gestante e a equipe médica, juntas, podem decidir as melhores condutas a serem realizadas durante todo o TP e o nascimento. Deve ficar claro que mudanças de planos podem ser necessárias durante o processo, uma vez que nem sempre as coisas saem como planejadas, mas as decisões devem ser tomadas sob conhecimento e autorização da gestante ou do(a) acompanhante. Por isso, é tão importante que a pessoa escolhida para acompanhar o TP e o parto esteja ciente do seu Plano de parto.

O ideal é que seu Plano de parto esteja pronto no 7º mês de gestação, e você pode protocolar na maternidade de sua escolha se assim desejar.

Aqui eu trago 3 modelos, tirados da internet, de Planos de parto. Estes podem ser feitos em forma de carta, de itens ou de questões. Como você preferir. Dá uma olhada nos exemplos:

 
Modelo 1

"Estamos cientes de que o parto pode tomar diferentes rumos. Abaixo listamos nossas preferências em relação ao parto e nascimento do nosso filho, caso tudo transcorra bem. Sempre que os planos não puderem ser seguidos, gostaríamos de ser previamente avisados e consultados a respeito das alternativas.

Trabalho de parto:
-  presença de meu marido e doula.

- sem tricotomia (raspagem dos pelos pubianos) e enema (lavagem intestinal).

- sem perfusão contínua de soro e ou ocitocina 

- liberdade para beber água e sucos enquanto seja tolerado. 

- liberdade para caminhar e escolher a posição que quero ficar. 

- liberdade para o uso ilimitado da banheira e/ou chuveiro. 

- monitoramento fetal: apenas se for essencial, e não contínuo. 

- analgesia: peço que não seja oferecido anestésicos ou analgésicos. Eu pedirei quando achar necessário.

- sem rompimento artificial de bolsa.

 
Parto:
 - prefiro ficar de cócoras ou semi-sentada (costas apoiadas).

 - prefiro fazer força só durante as contrações, quando eu sentir vontade, em vez de ser guiada. Gostaria de um ambiente especialmente calmo nesta hora.

- não vou tolerar que minha barriga seja empurrada para baixo.

- episiotomia: só se for realmente necessário. Não gostaria que fosse uma intervenção de rotina.

- gostaria que as luzes fossem apagadas (penumbra) e o ar condicionado desligado na hora do nascimento. Gostaria que meu bebe nascesse em ambiente calmo e silencioso.

- gostaria de ter meu bebe colocado imediatamente no meu colo após o parto com liberdade para amamentar.

- gostaria que o pai cortasse o cordão após o mesmo ter parado de pulsar.


Após o parto:
- aguardar a expulsão espontânea da placenta, sem manobras, tração ou massagens. Se possível ter auxílio da amamentação.

- ter o bebê comigo o tempo todo enquanto eu estiver na sala de parto, mesmo para exames e avaliação.

- liberação para o apartamento o quanto antes com o bebê junto comigo. Quero estar ao seu lado nas primeiras horas de vida.

- alta hospitalar o quanto antes.


Cuidados com o bebê:
- administração de nitrato de prata ou antibióticos oftálmicos apenas se necessário e somente após o contato comigo nas primeiras horas de vida.

- administração de vitamina K oral (nos comprometemos em dar continuidade nas doses).

- quero fazer a amamentação sob livre demanda.

- em hipótese alguma, oferecer água glicosada, bicos ou qualquer outra coisa ao bebê.

- alojamento conjunto o tempo todo. Pedirei para levar o bebê caso esteja muito cansada ou necessite de ajuda.

- gostaria de dar o banho no meu bebê e fazer as trocas (ou eu ou meu marido).


Caso a cesárea seja necessária:
- exijo o início do trabalho de parto antes de se resolver pela cesárea.

- quero a presença da doula e de marido na sala de parto.

- anestesia: peridural, sem sedação em momento algum.

- na hora do nascimento gostaria que o campo fosse abaixado para que eu possa vê-lo nascer.

- gostaria que as luzes e ruídos fossem reduzidos e o ar condicionado desligado.

- após o nascimento, gostaria que colocassem o bebê sobre meu peito e que minhas mãos estejam livres para segurá-lo.

- gostaria de permanecer com o bebe no contato pele a pele enquanto estiver na sala de cirurgia sendo costurada.

- também gostaria de amamentar o bebê e ter alojamento conjunto o quanto antes.      


Agradeço muito a equipe envolvida e a ajuda para tornar esse momento especial e tão importante para nós em um momento também feliz e tranquilo como deve ser.

Muito obrigada,


Local e data,


 Assinatura dos pais 


 Assinatura do médico obstetra                  assinatura do pediatra

 

Modelo 2

Estamos cientes de que o parto pode tomar diferentes rumos. Listamos nossa preferência em relação ao parto e nascimento do nosso filho, caso tudo transcorra bem. Sempre que os planos não puderem ser seguidos, gostaríamos de ser previamente avisados e consultados a respeito das alternativas.

Trabalho de parto

Você quer a presença de pessoas durante o parto?

( ) sim  ( ) não

Quem você quer presente durante o parto?

____________________

Você quer tricotomia (raspagem  dos pelos pubianos)?

( ) sim ( ) não

Você quer enema (lavagem intestinal)?

( ) sim ( ) não

Você quer perfusão contínua de soro?

( ) sim ( ) não

Você quer água e sucos enquanto forem tolerados?

( ) sim ( ) não

Você quer perfusão contínua de ocitocina?

( ) sim ( ) não

Você quer escolher a posição em que quer ficar?

( ) sim ( ) não

Você quer fazer caminhadas?

( ) sim ( ) não

Você quer uso ilimitado de banheira ou chuveiro?

( ) sim ( ) não

Você quer monitoramento fetal contínuo?

( ) sim ( ) não

Você quer que a bolsa seja rompida artificialmente?

( ) sim ( ) não

Você quer analgesia?

( ) sim ( ) não ( ) apenas se solicitado

Parto

Qual posição você prefere?

( ) deitada ( ) cócoras ( ) semissentada

Você gostaria de ser guiada, na hora de fazer força?

( ) sim ( ) não

Você quer epistomia (corte no períneo)?

( ) sim ( ) não

As luzes da sala de parto devem ser apagadas na hora do nascimento?

( ) sim ( ) não

O bebê deve ser colocado no peito logo após o nascimento para mamar?

( ) sim ( ) não

Quem cortará o cordão umbilical?

( ) pai ( ) médico

O bebê deve ficar no quarto com você o tempo todo, a não ser que você solicite a retirada dele?

( ) sim ( ) não

Cuidados com o bebê

O nitrato de prata e antibióticos oftálmicos devem ser aplicados?

( ) sim ( ) não ( ) apenas se necessário

Você quer administração de vitamina K oral?

( ) sim ( ) não

Você quer amamentação sob livre demanda?

( ) sim ( ) não

Você autoriza o uso de água glicosada, bicos ou outros ao bebê?

( ) sim ( ) não

Você autoriza que as enfermeiras troquem ou deem banho no bebê?

( ) sim ( ) não

Quem pode trocar e dar banho no bebê?

____________________

Em caso de cesárea

Você quer ser sedada durante o parto?

( ) sim ( ) não

Você prefere esperar pelo trabalho de parto antes de se resolver pela cesárea?

( ) sim ( ) não

Você quer a presença de pessoas durante o parto?

( ) sim ( ) não

Quem você quer presente?

_______________________

Qual tipo de anestesia você prefere?

( ) peridural ( ) raquidiana

Você quer que o campo seja abaixado durante o parto?

( ) sim ( ) não

As luzes da sala de parto devem ser reduzidas?

( ) sim ( ) não

Você quer que suas mãos fiquem livres durante o parto?

( ) sim ( ) não

O bebê deve ser colocado no peito logo após o nascimento?

( ) sim ( ) não

Você quer que o bebê fique com você durante a sutura?

( ) sim ( ) não

*Plano de parto inspirado no modelo do livro Parto Normal ou Cesárea- Tudo O Que As Mulheres Deveriam Saber, de Ana Cristina Duarte e Simone Diniz (Unesp)

 

Modelo 3

“Estamos cientes de que o parto pode tomar diferentes rumos. Abaixo listamos nossas preferências em relação ao nascimento de nosso bebê, caso tudo transcorra tranquilamente. Sempre que os planos não puderem serem seguidos, desejamos, previamente, sermos comunicados e consultados a respeito das alternativas.

TRABALHO DE PARTO


Presença de um acompanhante de minha livre escolha e doula. Sem perfusão contínua de soro. Liberdade para beber água e sucos enquanto seja tolerado. Liberdade para caminhar e mudar de posição. Liberdade para o uso ilimitado da banheira e/ou chuveiro. Monitoramento fetal: apenas se for essencial, e não contínuo. Analgesia: peço que não seja oferecido anestésicos ou analgésicos. Eu pedirei quando achar necessário.

PARTO (HORA DO NASCIMENTO)


Prefiro cócoras ou cócoras sustentada, ou ainda, escolher na hora o que meu corpo desejar. Aceito outras sugestões caso as posições acima não funcionem. Prefiro fazer força quando me der vontade, em vez de ser guiada por alguém. Desejo um ambiente especialmente calmo nessa hora. Episiotomia: prefiro não ter, quero que o períneo seja aparado na fase da expulsão, além da aplicação de compressas quentes e massagem com óleo fornecido, de preferência vegetal. Desejo ter o bebê imediatamente colocado em meu colo e se houver necessidade de succionar as vias respiratórias, prefiro que seja feito enquanto ele está comigo. O pai cortará o cordão umbilical, depois que esse parar de pulsar.

APÓS O PARTO


Aguardar expulsão espontânea da placenta com auxílio da amamentação. O bebê deve ficar comigo o tempo todo, mesmo para avaliação e exames. Liberação para o apartamento o quanto antes. Alta o quanto antes.

CUIDADOS COM O BEBÊ


Amamentação sob livre demanda, não oferecer água glicosada ou bicos. Alojamento conjunto o tempo todo. Pediatra faz avaliação no nosso quarto.

CASO A CESÁREA SEJA NECESSÁRIA 


Desejo a presença de um acompanhante de minha livre escolha e a doula. Anestesia: peridural, sem sedação. Desejo ver a hora do nascimento, com o rebaixamento do protetor ou por um espelho. Após o nascimento, o bebê e eu estando bem, desejo que o coloquem sobre meu peito e que minhas mãos estejam livres para segurá-lo. Amamentação o quanto antes.

Agradeço a compreensão da equipe envolvida e por participarem desse momento tão importante para a nossa família”.

 

Esses modelos são apenas exemplos e uma ideia de como você pode fazer o seu. Bom parto!!

 


sexta-feira, 13 de maio de 2016

O direito de escolhas para o seu parto


 
   Está cada vez mais claro para as gestantes brasileiras que muitas práticas obstétricas são adotadas desnecessariamente, apenas por fazerem parte de uma tradição médica, e devem ser revistas e questionadas. Muitos procedimentos artificiais introduzidos tiraram a naturalidade do nascimento e não têm respaldo científico.
   Abaixo, listo alguns procedimentos ou medidas sobre os quais toda gravidinha pode (e deve!) ter escolha:

1-     Presença de um acompanhante: durante o trabalho de parto (TP) e no parto, o/a acompanhante pode dar suporte emocional; é direito garantido por lei federal.

2-     Lavagem intestinal (enema, clister, fleet enema, enteroclisma): desconfortável e desnecessária se o intestino funcionou normalmente nas últimas 24 horas. Caso contrário, você pode solicitar uma aplicação a qualquer momento.

3-     Liberdade para caminhar: caminhar estimula o útero, promovendo um TP mais curto e com menos chances de intervenções analgésicas.

4-     Liberdade para mudar de posição: diferentes posições podem ser mais confortáveis em diferentes momentos do TP: sentar, ajoelhar, deitar de lado, acocorar.

5-     Uso da água no TP: ficar embaixo do chuveiro ou imersa numa banheira alivia a dor.

6-     Água e bebidas leves: previnem a desidratação e diminuem a sensação de boca seca por conta das técnicas de respiração.

7-     Alimentos com alto teor de carboidratos e pouca gordura: são de digestão rápida e servem de suprimento energético para o TP.

8-     Raspagem dos pelos pubianos (tricotomia): apenas se a mulher desejar; não diminui a incidência de infecções e o crescimento após o parto pode ser desconfortável; na cesárea, pode ser feita a tricotomia parcial.

9-     Infusão intravenosa: apenas se houver indicação médica; restringe a mobilidade e interfere no relaxamento.

10-  Monitoramento fetal eletrônico: apenas se houver indicação médica; o aparelho restringe o movimento e a posição da mulher (deitada de costas) tem ação negativa sobre o TP e o bebê. A auscultação intermitente dos batimentos cardíacos fetais por uma enfermeira ou parteira treinada se mostrou igualmente efetivo.

11-  Rompimento da bolsa d’água: o rompimento artificial aumenta as chances de infecção e limita o tempo para o parto, além de gerar normalmente contrações mais dolorosas.

12-  Medicação para alívio da dor: deve ser administrada apenas quando você solicitar e após informações completas sobre os possíveis efeitos sobre você, o bebê e o TP.

13-  Presença de acompanhante de parto profissional: o suporte contínuo de uma profissional experiente, como doula, enfermeira, obstetriz, massagista ou fisioterapeuta, além de aliviar as tensões e medos do momento e oferecer informações adicionais importantes, tornam o TP mais curto e com menos intervenções médicas como uso de ocitocina, anestesia ou até mesmo a cesárea.

14-  Uso de ocitocina sintética: a indução ou aceleração do TP deve ocorrer apenas em necessidade médica; as contrações induzidas são mais dolorosas e podem restringir o suprimento de oxigênio ao bebê.

15-  Uso de suíte de parto ou a mesma sala/quarto para o TP e parto: evita a transferência às pressas, normalmente deitada de costas, para a sala de parto. Muitos hospitais já oferecem as suítes de parto, onde você fica durante todo o TP, parto e recuperação. Há ainda a possibilidade do parto ser realizado em casas de parto ou até na sua própria casa, em caso de parto normal de baixo risco.

16-  Posição confortável e eficiente na hora da expulsão: ficar quase sentada, deitada do lado esquerdo ou de joelhos pode ser mais confortável. Deitar de costas comprime o cóccix, diminui o diâmetro da pélvis e o útero comprime artérias importantes, impedindo um bom fluxo sanguíneo. A posição de cócoras diminui o comprimento do canal de parto, aumenta a abertura da pélvis e deixa as contrações mais eficientes, já que a expulsão está a favor da gravidade.

17-  Uso de estribos ou perneiras: deitar de costas e colocar os pés nos estribos ou perneiras dão ao médico uma ótima visão para o trabalho, mas fazem o períneo esticar demais, aumentando as chances de laceração.

18-  Episiotomia: apenas se for necessário; ao permitir que a cabeça do bebê saia vagarosamente, apenas sob as forças uterinas, o períneo tem maiores chances de distensão, diminuindo os riscos de lacerações. A recuperação da episiotomia pode ser desconfortável e a cicatriz muscular afetar o prazer sexual.

19-  Anestesia peridural ou raquidiana: apenas se necessária alguma intervenção cirúrgica ou a pedido da gestante.

20-  Ambiente acolhedor na hora do parto: é possível ter um ambiente calmo, tom de voz baixo, pouca luz, música ambiente, caso a gestante prefira.

21-  Clampeamento do cordão umbilical: a gestante pode solicitar que o clampeamento do cordão seja feito depois que parar de pulsar, permitindo que o bebê receba oxigênio pelo cordão enquanto o sistema respiratório começa a funcionar. O pai pode cortar o cordão, aumentando sua participação no nascimento.

22-  Bebê colocado imediatamente no seu colo: aumenta o vínculo precoce entre mãe e filho; ambos devem ser cobertos por uma manta para manter a temperatura do bebê.

23-  Amamentação do bebê assim que possível: a sucção do bebê estimula a produção materna de ocitocina, induzindo o delivramento placentário e reduzindo o sangramento pós-parto. O colostro age como um laxativo, limpando o trato intestinal do bebê do muco e do mecônio. Mesmo em caso de cesárea, a amamentação pode se iniciar ainda na mesa de cirurgia ou na sala de recuperação.

24-  Antibiótico oftálmico ou nitrato de prata: apenas se houver indicação médica (caso a mãe seja portadora de gonorreia, por exemplo) e após as primeiras horas do parto, depois da formação inicial de vínculo entre mãe e filho. Além disso, o nitrato de prata pode provocar conjuntivite química no bebê.

25-  Expulsão espontânea da placenta: tração ou massagem pode fazer com que algum tecido placentário fique no útero, provocando infecção ou hemorragia pós-parto.

26-  Amamentação materna exclusiva: o leite materno é o alimento ideal para o bebê; aumenta o vínculo mãe-filho; ajuda o útero a contrair e voltar mais rapidamente ao tamanho normal.

27-  Alojamento conjunto 24 horas: a menos que haja indicação médica, não deve haver separação entre mãe e bebê, favorecendo a formação do vínculo entre eles; permite a amamentação em livre demanda e a mãe pode aprender os primeiros cuidados com o recém-nascido sob a supervisão das enfermeiras.

28-  Início do TP mesmo em caso de cesárea: o TP é a indicação de que o bebê está pronto para nascer e diminui substancialmente as chances do bebê nascer prematuro.

29-  Assistir ao nascimento no caso de cesárea: pode-se rebaixar o protetor ou usar espelho na hora do nascimento e assim deixar a mulher presenciar esse momento tão singular na vida dela.

30-  Uso de sedativos pós-operatórios: sedativos podem provocar amnésia materna e atrapalham a interação mãe-bebê; a mãe pode usar de técnicas de relaxamento no lugar de sedativos.

    Muitos são os momentos e procedimentos que envolvem o trabalho de parto, o parto em si e o pós-parto. E a futura mamãe deve buscar conhecimento e diálogo com seu médico para fazer suas próprias escolhas com consciência, buscando sempre seu bem-estar e o do seu bebê. É um direito!